terça-feira, 29 de julho de 2008

Nostalgia...

Pintura de safira

A saudade hoje está comigo
Parece-me hoje familiar,
Porque esquecer eu não consigo,
Porque sem amigos é impossível continuar.

A saudade sabe a nada
A um nada que a nada cheira,
Um nada que tudo nos tira,
Que nos deixa nada que se queira
Que nada nos pode trazer,
Que dia após dia
Nos vê morrer.

Sinto-me vazia
Vazia de tudo, vazia de ti
Que te foste de repente
Que me abandonaste como uma brisa quente
Que nunca mais senti.

Olho agora lentamente para o infinito
Onde estarás tu no meio de tantas estrelas?
No meio de todo este mundo esquisito
Que daria para tingir centenas de bonitas telas.

Safira

segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Alentejo é uma terra linda...

Pintura de Safira

Alentejo meu...
Quanta saudade bate por terra de encanto,
terra de esperanças renovadas
onde se respira serenidade
e os dias são mais luminosos e belos.
São escassos os dias que faltam
para que eu possa rejubilar de alegria
por meus olhos te verem de novo,
meu jardim de flores silvestres a brotar
no campo e em cada recanto,
por entre os espinhos e as pedras e
contra a aspereza do tempo seco.
No teu perfume que me inebria
restauro forças para mais uma etapa...

domingo, 27 de julho de 2008

Poeta António Aleixo

António Aleixo nasceu em 18 de Fevereiro de 1899 em Vila Real de Santo António e faleceu em 16 de Novembro de 1949 em Loulé.
Foi guardador de cabras, cantor popular de feira em feira, soldado, polícia, tecelão, servente de pedreiro em França, “poeta cauteleiro”.
Apesar de semi-analfabeto deixa a seguinte obra escrita que o Dr. Joaquim Magalhães teve o cuidado de passar a limpo: «Este livro que vos deixo», «O Auto do Curandeiro», «O Auto da Vida e da Morte», o incompleto «O Auto do Ti Jaquim» e «Inéditos».
Em homenagem ao Poeta e à sua obra, no parque da cidade de Loulé foi levantado um monumento frente ao “Café Calcinha”, local outrora frequentado pelo Poeta.
O antigo Liceu de Portimão passou a chamar-se Escola Secundária Poeta António Aleixo.
Há alguns anos também passou a existir uma «Fundação António Aleixo» com sede em Loulé e que já usufrui do Estatuto de Utilidade Pública, o que lhe permite atribuir bolsas de estudo aos mais carenciados.

De vender a sorte grande,
confesso, não tenho pena;
que a roda ande ou desande
eu tenho sempre a pequena.

Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria,
mas dão-me as horas amargas
Lições de Filosofia.

P'ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.

Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do Mundo,
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo.

Fui polícia, fui soldado,
estive fora da nação;
vendo jogo, guardo gado,
só me falta ser ladrão.

Não é só na grande terra
que os poetas cantam bem:
os rouxinóis são da serra
e cantam como ninguém

Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista...
Ver as coisas mais além
do que alcança a nossa vista!

Sei que pareço um ladrão...
mas há muitos que eu conheço
que, sem parecer o que são,
são aquilo que eu pareço.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Poema de Manuel Alegre

As mãos

Com mãos se faz a paz, se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema - e são de terra.
Com mãos se faz a guerra - e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre - "O Canto e as Armas", 1967

domingo, 13 de julho de 2008

Rio Guadiana

Lutegarda e eu

É que não há um céu com tal 'splendor

Nem rio azul tão belo e prateado

Como o Guadiana, o meu rio encantado

De mansas águas suspirando amor!



Lutegarda

(poetisa e socióloga)

vilarealense




quinta-feira, 10 de julho de 2008

Amar-te...

Pintura de Safira

Amar-te é um sentimento quente

Que está sempre presente,

Que continuamente se sente...

Amar-te é ser audaz,

É sentir a tua paz,



É querer guerra de beijos.

Ter a coragem de mil desejos.

É querer mimo incontido,

É um carinho a partilhar,

É sentimento bem sentido.



Amar-te? Oh amar-te, é alegria,

É transformar a noite fria

Num quente aconchego.

Amar-te é pintar o sentimento,

Aquele que sinto cá dentro



De uma forma total e pura

Numa tela bem segura,

E saber que o tema a expor

Pintado não a uma só cor

Será sempre o nosso Amor!



Safira

domingo, 6 de julho de 2008

Eu quero ser...




VIDA,
Para fazer nascer os
Que estão a morrer...


SOL,
Para fazer brilhar
Os que não possuem a lua...


LUZ,
Para iluminar os que
Vivem na escuridão...


CHUVAS,
Para correr toda a terra e molhar
Os campos secos e devastados...


LÁGRIMAS,
Para fazer chorar os
Corações insensíveis...


VOZ,
Para fazer falar os que
Sempre se ocultam...


CANTO,
Para alegrar os que vivem
Na tristeza...


LUAR,
Para brilhar nas noites
Dos amores incompreendidos...


FLOR,
Para enfeitar os jardins
No Outono...


SILÊNCIO,
Para fazer calar as vozes
Que marcaram os nossos corações...


GRITO,
Para soltar a dor dos
Que sofrem em silêncio...


Safira

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Chama-me...



Se um dia te der uma louca vontade de chorar...
Chama-me...
Não prometo que te vou fazer sorrir,
Mas posso chorar contigo.

Se um dia resolveres fugir...
Chama-me...
Não prometo que te vou pedir para ficar,
Mas posso fugir contigo.

Se um dia te der uma louca vontade de não falar com
Ninguém...
Mesmo assim chama-me...
Prometo ficar bem quieta.

Mas...
Se um dia me chamares e eu não responder...
Vem correndo ao meu encontro,
Talvez eu esteja a precisar muito de ti!

Safira