sábado, 29 de dezembro de 2012

FELIZ ANO NOVO!!

AMIGOS:

NESTE FINAL DE ANO QUERO AGRADECER A TODOS OS QUE FAZEM PARTE DA MINHA VIDA, POR ESTAREM AO MEU LADO NOS BONS E MAUS MOMENTOS…

A QUEM ROUBEI OU PARTILHEI UMA ALEGRIA, UMA LÁGRIMA OU UM SORRISO….

AQUELES COM QUEM CONSTRUÍ OU FORTALECI LAÇOS DE AMIZADE. E AQUELES QUE MESMO AUSENTES, ESTÃO SEMPRE NO MEU CORAÇÃO…

UM FELIZ E PRÓSPERO ANO NOVO !

Safira

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Poema de Natal



Rasgam-se as nuvens no céu estrelado,
invade-se a vontade de gritar,
o Sol mantém-se ao longe...calado,
ouvindo o som do belo luar.

A fada desperta do sono encantado,
com a sua harpa de sonho a tocar,
o sol dormindo...sonha deleitado,
vislumbrando ao longe um novo acordar

Surge então um novo céu...a nevar
de noite e durante a madrugada,
O sol mantém-se coberto a sonhar
com estrelas e com a sua amada...

Ouve-se ao longe um galo a cantar,
adivinha-se o nascer de um novo dia,
A lua vai-se embora a chorar,
mas o Sol...desperta com alegria.

A lua adormece , mas por fim,
O Sol  que nada leva a mal,
pois ama a Lua tanto assim,
que voltará a encontrá-la num sonho de Natal...   


 (autor desconhecido)

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Jorge Amado homenageado no Estoril


Inaugurou-se no sábado, 24, na galeria do Casino Estoril, o XXVI Salão de Outono, que teve, desta feita como tema a obra do escritor brasileiro Jorge Amado.



A mostra, que estará patente ao público até 15 de Janeiro, integra-se, pois, nas iniciativas que, designadamente nas universidades de Lisboa, Coimbra e Porto, têm assinalado o centenário do nascimento do artista. Uma homenagem plena de significado aqui, onde Jorge Amado esteve com muita frequência com sua mulher, Zélia (de que um dos livros tem por título «Jardim de Inverno» em lembrança do que era o Jardim de Inverno do Casino), onde autografou alguns dos seus livros, homenagem realçada pela amizade que nutria pelo director da galeria, Nuno Lima de Carvalho, que amiúde o acompanhou nas andanças pelo território nacional.




A galeria registou uma enchente própria dos grandes dias, estando presente também o Sr. Presidente da Câmara, assim como cerca de duas centenas de amigos e admiradores da obra de Jorge Amado e dos 46 artistas que, na circunstância, ali expuseram as suas obras – pintura, escultura, desenho...

Diga-se que se trata, na verdade, de uma exposição notável, em que não regatearam a participação os melhores artistas portugueses e brasileiros nossos contemporâneos. Na impossibilidade de destacar todos, permita-se-nos que, além dos «da casa» como Nélio Saltão (com um original «Pantanal» de bambu) e Edgardo Xavier, saudemos a deliciosa escultura «Baianas», de Paulo Ossião (que habitualmente nos brinda com aguarelas e aqui também nos mostrou Salvador da Baía e Baianas em aguarela); «Amante da Liberdade», de Gabriel Seixas, muito bem concebida a mulher de mármore ruivina enleada em rede que um alicate começa a cortar; o pedaço de barca, de proa erguida e olhos de angústia, de Carlos Ramos, a evocar «Capitães de Areia»…

São, de facto, essa e outras obras de Jorge Amado – «Gabriela», «Dona Flor e seus Dois Maridos», «Tieta do Agreste»… – riquíssima fonte de inspiração; e os artistas cujas obras estão patentes nesta exposição da galeria do Casino souberam transmitir-nos pela Arte o que foi a imorredoira obra literária do homenageado.

Lima de Carvalho teve ensejo, na ocasião, de evocar o que foi a passagem de Jorge Amado pelo Casino, as iniciativas que se fizeram cá e lá (na Baía).

Não é lugar-comum: esta é mesmo uma exposição a não perder!

In Blog " Notas & Comentários"








segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Capacidade de Adaptação dos Portugueses

Os observadores estrangeiros maravilham-se de que Portugal resista à crise política e económica com tal poder de adaptação. Há nos Portugueses uma sinceridade para com o imediato que desconcerta o panorama que transcende o imediato. O infinito é o que eu situo - dizem. E assim vivem. Protegidos talvez por essa condição de afecto pelas coisas, pelos seus próprios delitos, que não consideram dramáticos, só ao jeito das necessidades. De resto — quem se apresenta a salvar-nos que não esteja suspeitamente indignado? Os que muito se formalizam muito escondem; os que acusam demasiado privam-se de ser leais consigo próprios. O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo.




Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A questão


Compreender a nossa elite política e a elite dos nossos comentadores é uma meta inatingível.

Na quarta-feira passada, na Comissão de Finanças da Assembleia da República, Vítor Gaspar disse, em tom irónico, uma banalidade. De então para cá, o mundo dos comentadores ajoelhou-se, dobrou-se sobre si próprio e prestou veneração à vulgaridade.

Gaspar disse que «existe um desvio entre aquilo que os portugueses querem que o Estado Social lhes forneça e os impostos que estão dispostos a pagar por esses serviços.» Apesar da questão estar intencionalmente mal formulada (porque, comparativamente com outros países, os portugueses pagam mais impostos e têm um Estado Social pior) e não trazer nada de novo, a nossa elite política e os nossos media, nos últimos dias, não fizeram outra coisa que não fosse reproduzir e comentar a trivialidade. Na verdade, a questão de se definir os limites do Estado e, em particular, os limites do Estado Social é antiga, não foi descoberta por nenhum Gaspar.

O que de facto seria interessante era que Gaspar, ou qualquer outro constituinte das nossas elites, explicasse, a quem paga os impostos, como é que existem países que, sem terem petróleo nem terem recursos naturais superiores aos nossos, conseguem ter um verdadeiro Estado Social e um nível de vida que não tem comparação com o português. Esta seria a verdadeira questão a aprofundar e não a questão mal-disposta e arrogante formulada pelo ministro das Finanças. Precisamente o ministro que deveria mostrar-se particularmente humilde perante os portugueses. Precisamente o ministro que tinha a obrigação de pedir indulgência aos contribuintes pela série de asneiras e de erros que cometeu, desde que assumiu funções.

Mas compreender a nossa elite política e a elite dos nossos comentadores é uma meta inatingível. O melhor mesmo é arredá-las do poder.  

 http://oestadodaeducacao.blogspot.pt/

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

5 de Outubro marcado pela vergonha!?

Este dia 5 de Outubro fica marcado pela vergonha da bandeira nacional ter sido hasteada de pernas para o ar e também ser um 5 de Outubro à porta fechada. Que vergonha de governantes!

sábado, 29 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Outono chegou...


«Cada outono que vem é mais perto do último outono que teremos, e o mesmo é verdade do verão ou do estio; mas o outono lembra, por o que é, o acabamento de tudo, e no verão ou no estio é fácil, de olhar, que o esqueçamos. Não é ainda o outono, não está ainda no ar o amarelo das folhas caídas ou a tristeza húmida do tempo que vai ser inverno mais tarde. Mas há um resquício de tristeza antecipada, uma mágoa vestida para a viagem, no sentimento em que somos vagamente atentos à difusão colorida das coisas, ao outro tom do vento, ao sossego mais velho que se alastra, se a noite cai, pela presença inevitável do universo. Sim, passaremos todos, passaremos tudo. Nada ficará do que usou sentimentos e luvas, do que falou da morte e da política local.»


Bernardo Soares - Livro do Desassossego



domingo, 9 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

A extrema direita tomou conta de Portugal.



Sábado, 8 de Setembro de 2012

Espoliação fiscal em nome do capital


(…) Passos Coelho anunciou ontem aos portugueses, lendo de um papel e titubeando, a maior transferência de riqueza já mais vista em Portugal. Com aumento das contribuições (de 11% para 18%) à Segurança Social, de uma forma socialmente insensível, os trabalhadores dependentes sentirão mais um ataque ao seu poder de compra ao mesmo tempo que é reduzida a contribuição das empresas para a Taxa Social Única. Assim, as grandes empresas, as verdadeiras beneficiadas, terão um “encaixe” de milhares de milhões de euros que, sob o lema da criação de emprego, irão magnanimamente transferi-los para muitos lados, menos para o “emprego”. É histórico. Resumidamente, o cobrador-mor (Passos de Coelho) irá retirar dois salários aos trabalhadores da função pública e um salário aos trabalhadores do sector privado. Assim, continuará a financiar a banca, a pagar juros insuportáveis, interesses, compadrios, etc. Deixando de fora, a Educação, Saúde e Segurança Social. Mas no fim de tudo, ele ama-nos e sacrifica-se por nós (está mais velho, não está?). Um exemplo, sem dúvida.

Não se conhecendo ainda, em profundidade, os pormenores destas e de outras medidas que sairão da cartola do primeiro-ministro, algo é evidente: são inconstitucionais, economicamente estúpidas e decalcadas de uma religião económica que se dá pelo nome de “neo-liberalismo”. Repetir a receita, que não funcionou em lado nenhum, é uma prova de que o governo ou está internacionalmente manietado ou é universalmente suicida. Além do mais, a desonestidade intelectual do primeiro-ministro é gritante. Usando a “desculpa” da decisão do Tribunal Constitucional para impor estas contraproducentes medidas tenta esconder o seu falhanço com os resultados do orçamento de Estado deste ano. Argumentar que isto é uma consequência do que o Tribunal Constitucional decretou, no sentido que torna equitativo o “sacrifício”, é uma valente peta. O que não é equitativo era a contribuição dos rendimentos do trabalho com os rendimentos de capital (está no acórdão), ou seja, em termos simples, os trabalhadores contribuem muito mais do que os especuladores. O TC decretou que deveriam acabar com estas diferenças e não estendê-las a todos os trabalhadores. Equivale a afirmar que devemos ser equitativos na desigualdade. É estúpido e paradoxal. Além disso, alguém ouviu o Passos de Coelho a zurzir com a mesma rapidez e frigidez tecnocrática alguma medida que incida sobre rendimentos de capital? Outra coisa, o que fará o agora excelso cidadão honorário de Cabeceiras de Basto, o irrepreensível Cavaco Silva? Fazer cumprir a Constituição e o Estado de direito ou fazer, mais uma vez, um “frete” (e com as consequências que se viram nos resultados orçamentais) ao mais extremista governo que alguma vez fora empossado em democracia?

sábado, 18 de agosto de 2012

GRITO

Não posso já com ervas nem com árvores;

Prefiro os lisos, frios mármores

Onde nada está escrito.


Meu gosto da paisagem fez-se escuro;

Nenhures é o lugar que mais procuro

Como homem proscrito.


Eu bem sei: A verdura! A flor! Os frutos!

Mas não posso passar de olhos enxutos,

Meu campo verde aflito.


Porventura cegaram os meus olhos

Porque há nos silveirais flores aos molhos

– Tanta flor me tem dito.


Mas eu bem sei que movediços lodos

Que são o chão, as lágrimas de todos,

Meu coração contrito.


Eu não sei se amanhã será meu dia;

Recolho-me furtivo na poesia,

Incerto o chão que habito.


Ai de mim! Ai de mim, nuvem medonha!

Os homens conheci, bebi peçonha,

E é por isso que grito.


Afonso Duarte



terça-feira, 14 de agosto de 2012

Faz sentido falar em remodelação...

… quando o Governo se tornou um cemitério de ministros incapazes de acção própria (Miguel Macedo, Assunção Cristas, Álvaro Santos Pereira) ou uma montra de vaidades (Miguel Relvas, Paulo Portas, Aguiar Branco), passando por níveis variados de autómatos ao serviço da troika (Pedro Mota Soares, Nuno Crato, Paulo Macedo, Vítor Gaspar, o próprio PM)?

Quando ninguém, a menos que seja jovem aspirante a organizar a sua futura vidinha (posso nomear um punhado de ex-bloggers) ou manifesto vaidoso (um ou outro dos antigos candidatos a ministro das Finanças, que sinta que a prateleira que lhe arranjaram não tem o poder necessário para alimentar o seu ego, isto para não falar no que era para ser MEC em vez do actual MEC)?

Alguém imagina uma personalidade de destaque, com capacidade para fazer neste momento algo diferente da cartilha, com interesse em fazer parte do Governo?

Ao fim de um ano o governo de Passos Coelho parece o de Sócrates em 2009, ao fim de quatro anos de mandato. Até poderia ganhar eleições, mas apenas por manifesto demérito do outro lado.

Como nos tempos de MLR no ME, acho que todos os que aceitaram desempenhar este papel devem apodrecer politicamente com ele até ao fim. Afinal, estamos em Portugal, e nenhum deles será responsabilizado por nada e o mais certo é acabar com uma nomeação bem jeitosa para o resto da vida.

Posted by Paulo Guinote

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

O problema do País é gravíssimo...


A Banca também não ajuda, como solução.

O problema do País é gravíssimo, e o mês de Agosto está a fazer escorrer para o início de Setembro todas as desgraças.

Quando pais e mães sentirem tremendas dificuldades para ter a miudagem nas escolas, dar-lhes de comer, transportes e conseguirem os próprios se alimentarem e pagar dívidas, quando não houver forma de cumprir compromissos que foram sendo empurrados até ao limite, quando tudo estiver a rebentar, tudo, vai ser catastrófico. E está perto.

Ninguém escapará, mesmo que nunca tenha tido uma divida. E não vão chegar os chineses que compraram – e vão continuar – empresas já feitas, já instaladas, com clientela assegurada, mas sem criar novos postos de trabalho – nem um – , não vão chegar uns apoios pífios aos primeiros empregos, com reduções de encargos pela entidade empregadora, não vão chegar pais/mães reformados que já mal sobrevivem a dar dinheiro aos filhos em crise.

Ou se reestrutura tudo, mesmo tudo, acabando com privilégios, acima do bom senso que para muitos ainda vigoram – os intocáveis do sistema – fundido , já, Institutos, freguesias, Câmaras, Empresas Publicas, e tudo o mais que faz empobrecer em milhões a cada dia que passa o nosso País, e acabando-se com mordomias, ou nem cacos teremos para recolher. Nem chineses a nos valer.

E quanto ao papel da Banca? Ainda não se conseguiu encontrar o verdadeiro “culpado” , se a banca que incentivou, facilitou todo o tipo de créditos, à habitação, aos moveis, ao automóvel, às férias, ao consumo, se o cidadão que achou que à custa de dinheiro que não tinha, mas que o Banco de sempre ou outro, lhe emprestava, tudo podia “ter” e um dia, lá muito para a frente, pagaria. Quem souber, quem conseguir, que descubra aqui, quem nasceu primeiro: galinha ou ovo, ou seja Banca ou cidadão.

No dia 1 de Setembro mais pessoas não vão conseguir pagar contas como o faziam há 4 anos, dado que tudo mudou. O País deixou de viver acima das suas possibilidades, e ao acertar o nível, todos os compromissos de país rico que passou a remediado, são totalmente impossíveis de cumprir, se não forem alterados.

Assim, cabe também à banca, pensar e melhor agir, renegociando tudo, repensando tudo, seja baixando juros, seja alargando prazos para resolução das dívidas, que vão num crescendo interminável.

Se o não quiserem fazer, como até aqui, serão os fieis depositários de milhares de casas, apartamentos, andares, automóveis e de tudo o mais que foi adquirido a crédito, a tudo isto não tendo como dar destino, – não vão vender aos chineses e angolanos e brasileiros, - e continuando família a família a falir, os bancos também não se vão aguentar, como se fossem oásis na terra de ninguém. Rebentarão, também.

Ao ser tudo repensado – já devia ter sido – os juros baixam, os prazos alargam, tudo será diferente. E claro, os bancos terão menos riqueza, mas irão não sufocar as famílias portuguesas. Nem auto- aniquilarem-se.

Mas como é evidente novos créditos a habitação, automóvel, móveis, férias, consumo, nunca, nunca, nos anos próximos! Acabou!

Ou passa a haver entreajuda e todos a fazerem parte da solução, ou o descalabro será geral, quando para nada dinheiro existir. E aí já nem da Banca precisamos. Por acaso quem escreve “isto” não tem qualquer crédito, logo não é para se proteger, antes para ver se o País e os seus concidadãos sobrevivem com alguma decência. E claro o próprio, dado que sem País, não sabe onde ficar!


Augusto Küttner de Magalhães
Agosto de 2012



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Este é o maior fracasso da democracia portuguesa!

Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido. Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos. Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido. Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos. A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros. Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada. Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado. Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve. Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura. E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade. Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos? Vale e Azevedo pagou por todos? Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático? Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico? Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana? Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal? Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma. No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém? As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância. E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou? E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE. Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu. E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê? E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.. E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina? E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca. Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra. Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.


Este é o maior fracasso da democracia portuguesa!



Clara Ferreira Alves - "Expresso"

domingo, 15 de julho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012

"Conversas Bravias" discutem Acordo Ortográfico


Teresa Ricou, a mentora, melhor a “alma” do Chapitô organizou um debate sobre este controverso e muito “odiado” Acordo Ortográfico que teve a orientá-lo Teresa Salema presidente do Pen Clube, professora universitária e escritora e uma acérrima defensora da abolição do Acordo.

Os presentes eram na sua maioria defensores da língua portugesa com as suas diferenças, as suas características, a sua identidade considerando desnecessário qualquer nivelamento com a ortografia de outro país lusófono, como por exemplo o Brasil.

Foram esmiuçadas até à exaustão as incongruências de um acordo que se pretende de uniformização da língua na sua forma gráfica mas que acaba por evidenciar e mesmo causar uma ruptura entre o que se escreve e o que se lê e sobretudo o que se quer dizer.

Só um exemplo: os espectadores de uma tourada assistem à forma como se espetam as farpas no touro. Segundo o Acordo a frase seria os espetadores de uma tourada assistem à forma como se espetam as farpas no touro. Em que ficamos, quem assiste espeta ou quem espeta assiste?
E os exemplos sucedem-se.
Este acordo nasce de uma série de irregularidades, de omissões, de ostensiva ignorância de pareceres desfavoraveis sobre o mesmo, que levam à sua assinatura do mesmo e da consequente entrada em vigor.
Alguém estava interessado em pô-lo em prática. O porquê deste interesse permanece no segredo dos deuses ou talvez não
Mas quem ama a língua portuguesa na sua génese, tal como FernãoLopes, Gil Vicente e Camões a falaram, tem agora a oportunidade de manifestar a sua vontade enviando uma petição requerendo a sua nulidade.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Peço um poema à noite...

Peço um poema à noite, um documento

Que me defenda de ser acusado

De ladrão de mistérios e comparsa

Dos crimes que se dão durante o sono.

Meia dúzia de versos de amargura,

Que digam que fiquei na minha lura

No mais lúcido e mísero abandono.

 
Mas rompe a madrugada da semente,

Abre o dia,

E eu condenado como toda a gente!

Mostrei o atestado, e não servia...

 
Miguel Torga

sábado, 12 de maio de 2012

A origem da língua portuguesa

Cumpre aos linguistas propor hipóteses explicativas da origem duma língua, tanto nos seus aspectos morfológicos quanto sintácticos, entendendo pelos primeiros o modo como as palavras se pronunciam e se escrevem, analisando os segundos o modo como se entrelaçam na frase, inclusive possibilitando, dessa forma, alguma mudança de significado – pois também aqui o contexto desempenha papel relevante.

O sugestivo e bem eloquente relato bíblico da Torre de Babel (Génesis 11, 1-8) explicita que todas as línguas brotaram dum tronco comum. No que respeita ao Ocidente, dessa base têm partido os linguistas, ao considerarem o indo-europeu essa base donde tudo partiu.

Ao embrenhar-me no tema das divindades indígenas, pré-romanas, na mira de, através da análise etimológica dos teónimos, lhes determinar atributos e funções, à Linguística tive, pois, de recorrer. Um emaranhado de sugestões – adiante-se desde já – porque se lida com vocábulos fruto de longa evolução, cujo som e respectiva representação gráfica algo terão, necessariamente, de aleatório.

Uma convicção perfilho, hoje: o do importante papel da oralidade e da convivência. A transposição escrita do que se ouve está sujeita a inúmeras contingências (recorde-se o caso da senhora que se chama Prantilhana…); e não vale a pena, por isso, digladiarmo-nos por causa dum e ou dum i. A própria pronúncia da mesma palavra assume tonalidades diferentes, inclusive no Português, que é uma das línguas consolidadas há mais tempo no Ocidente europeu. Virá a talhe de foice recordar que, em relação ao Latim, há três possíveis pronúncias para, por exemplo, o nome Cicero: a (dita) restaurada, a ‘portuguesa’ e a romana!...

Derivado, sem dúvida, do Latim, o Português acolheu de boamente contributos do Grego, do Árabe, do Visigótico… e, já nos nossos dias, consignados no Dicionário da Academia, termos próprios de outros países europeus, do Brasil e dos PALOPS (daí, a ideia peregrina do tal acordo ortográfico…).

O lugar e o tempo constituem, consequentemente, coordenadas a ter em conta, mormente se pensarmos que, apesar de termos apenas duas línguas oficiais – o Português e o Mirandês – há ainda o barranquenho, o minderico e – porque não? – o falar algarvio, o falar gandarês...

O Brasil poderá ser também motivo de sugestiva análise, se atentarmos que, logo no aeroporto, quando chegamos, deparamos não com a indicação «tapete» mas o classicíssimo «esteira»; e a nossa ‘fotocópia’ é… xerox! A simbiose perfeita entre o conservadorismo vernáculo e a adopção sem peias do neologismo preciso.

Qual a origem da língua portuguesa, portanto? O Povo que desde há muito séculos a fala, em épocas e em lugares precisos. Uma origem que não devemos, por consequência, considerar estática nem no tempo nem no espaço – porque… está viva! E amadurece todos os dias!
 
por José d'Encarnação

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Boa Páscoa!

Uma harmoniosa e Santa Páscoa!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Passos Coelho o "Piegas".

Tirando uma ou outra greve sectorial, as pessoas parecem conformadas a aceitar as dificuldades, provavelmente na esperança de que ultrapassada este fase, possamos um dia respirar de alívio...e ter um País melhor.Mas este silêncio tem de ser respeitado!

É um povo inteiro a tentar AGUENTAR.O mesmo povo a quem há menos de um ano este senhor até "pedia desculpas"com um ar ligeiramente "piegas".

A verdade é que aquele sorriso generoso e compreensivo vai caindo, desaparecendo (talvez esteja a ficar fora de prazo). Em vez disso cresce um ar mal humorado, ameaçador(custe o que custar) e agora o "sejam menos piegas" como se fôssemos putos mimados...

Alguém devia explicar a este cavalheiro (que vai deixando cair a máscara) que quem semeia ventos...colhe tempestades.

Já nos basta "aquele" que se foi embora e diz que não está arrependido de nada.Para "pouca sorte", já chegava.

Permitam-me que lembre António Aleixo quando dizia:

VÓS QUE LÁ DO VOSSO IMPÉRIO
PROMETEIS UM MUNDO NOVO
CALAI-VOS QUE PODE O POVO
QUERER UM MUNDO NOVO A SÉRIO

...e depois pode ser tarde demais...podemos mesmo ficar menos "complacentes"
Alguém deseja isso? E depois,como se estanca a corrente?

"Jornal de Angola" ataca Acordo Ortográfico e não aceita negócios

A polémica em torno do Acordo Ortográfico continua. Agora é a vez dos angolanos, que ainda não o ratificaram, criticarem duramente as novas regras. O “Jornal de Angola” faz duas críticas, em editorial, ao acordo, na sequência da reunião, em Lisboa, dos ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

“Ninguém mais do que os jornalistas gostava que a Língua Portuguesa não tivesse acentos ou consoantes mudas. O nosso trabalho ficava muito facilitado se pudéssemos construir a mensagem informativa com base no português falado ou pronunciado. Mas se alguma vez isso acontecer, estamos a destruir essa preciosidade que herdámos inteira e sem mácula. Nestas coisas não pode haver facilidades e muito menos negócios. E também não podemos demagogicamente descer ao nível dos que não dominam correctamente o português”, escreve o “Jornal de Angola”, um dos países que não ratificou o Acordo Ortográfico.

O jornal defende que “os que sabem mais têm o dever sagrado de passar a sua sabedoria para os que sabem menos”, mas “nunca descer ao seu nível”, porque “é batota”.

E a seguir faz um apelo para que as diferenças entre os países sejam respeitadas. “Uma velha tipografia manual em Goa pode ser tão preciosa para a língua portuguesa como a mais importante empresa editorial do Brasil, de Portugal ou de Angola. O importante é que todos respeitem as diferenças e que ninguém ouse impor regras só porque o difícil comércio das palavras assim o exige. Há coisas na vida que não podem ser submetidas aos negócios, por mais respeitáveis que sejam, ou às leis do mercado”. “Os afectos não são transaccionáveis”, acrescenta.

O Acordo Ortográfico não foi ratificado por Angola e Moçambique e esse foi um dos aspectos invocados por Vasco Graça Moura, director do Centro Cultural de Belém, para defender que as novas regras não devem ser aplicadas em Portugal, o que já está a acontecer nos serviços do Estado. O escritor, assim que chegou ao CCB, decidiu deixar de aplicar o acordo e o assunto chegou mesmo a ser discutido no parlamento com o líder da oposição, António José Seguro, a pedir ao primeiro-ministro para “desautorizar” o novo presidente da instituição. O governo deu razão a Graça Moura e, pelo menos até 2014 não há acordo no CCB.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Acordo Ortográfico e um país de lunáticos.

Vasco Graça Moura, o Acordo Ortográfico e um país de lunáticosPosted on 03/02/2012por 4 0 i
Vasco Graça Moura, novo presidente do Centro Cultural de Belém, mandou retirar todos os conversores ortográficos dos computadores do CCB e determinou que fosse utilizada a antiga ortografia. Se Graça Moura, o poeta e escritor, pode ter uma posição pessoal sobre o assunto, é duvidoso que Graça Moura, o funcionário, possa impor essa visão aos trabalhadores subordinados apostados em cumprir a lei.Este aspecto, assim comentado, ignora no entanto a fundamentação exposta por VGM:“o Acordo Ortográfico não está nem pode estar em vigor”, já que, diz, na ordem jurídica portuguesa, “a vigência de uma convenção internacional depende, antes de mais, da sua entrada em vigor na ordem jurídica internacional”. Refere-se ao facto de Angola e Moçambique ainda não terem ratificado o AO, de que são subscritores, recusando os efeitos do “segundo protocolo modificativo”, assinado em 2004, que prevê que o AO entre em vigor desde que três países o ratifiquem. O ex-eurodeputado do PSD lembra ainda que o próprio AO exige que, antes da sua entrada em vigor, os Estados signatários assegurem a elaboração de “um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa”, algo que, alega, nunca foi feito. E defende que o acordo “viola os artigos da Constituição que protegem a língua portuguesa, não apenas como factor de identidade nacional mas também enquanto valor cultural em si mesmo”.Não sei se, à luz do direito, assim é, mas, segundo o mesmo artigo do jornal Público, esta discussão surge “num momento em que crescem, dentro do próprio PSD, as vozes que se opõem ao acordo”.Ora, aqui é que a porca torce o rabo: num momento em que se escreve a duas velocidades, em que há escolas onde já se ensina segundo o AO, em que crianças aprendem a escrever sob as novas normas, em que jornais, revistas e editoras alteraram a ortografia, é que estes senhores se lembram de levantar as vozes contra algo que o seu partido deixou entrar em vigor no início do ano?Um país de lunáticos irresponsáveis, é o que é.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Vinhas da Ira

Enquanto se arrastam centenas de sem-abrigo pelas ruas de Lisboa, há quem tenha a amabilidade de nos recordar os benefícios do capitalismo. As principais lojas da Avenida da Liberdade são o espelho dos tempos que vivemos. Durante o dia, enchem-se daqueles homens e mulheres que não existem senão nas telenovelas, nas revistas cor-de-rosa e na Quinta da Marinha. Ao cair da noite, o cenário muda. É ali que Lisboa sepulta todos aqueles que não têm casa. Trazem cartões, cobertores e sacos-cama e deixam-se dormir até que a luz do dia traga consigo as tias de Cascais. Ainda assim, não é mau. Pior foi quando houve eleições presidenciais e Cavaco Silva elegeu o edifício ao lado do Hard Rock Cafe para sede de campanha. Então, renovaram o espaço, estenderam uma passadeira vermelha e mandaram a polícia expulsar os indigentes. Isto porque, como todos sabem, os sem-abrigo não têm lugar nos escaparates da democracia.Mais às claras, sucedem-se as intermináveis filas de desempregados à porta dos Centros de Emprego. Começam a aparecer por volta das cinco da manhã e trazem no rosto o desespero e o olhar perdido. Do outro lado da rua, uma empresa de trabalho temporário promove a empregabilidade imediata. Faz lembrar as floristas junto aos cemitérios. Principalmente aquelas que roubam as flores dos defuntos para novamente as venderem como se de reciclagem se tratasse. E o interminável exército de desempregados é isso mesmo. Foram despejados ali pelo capital e no outro passeio os mesmos carrascos sorriem e propõem-lhes a escravatura. Não há nada de novo. Não é muito diferente da novela Vinhas da Ira de John Steinbeck. O aumento do número de pessoas sem trabalho ao longo dos anos tem sido tão grande que já há quem faça da observação uma ferramenta de análise da evolução da crise. Uma mulher contava que há uns dois anos, na Amadora, a fila não ia além da sapataria Charles. Agora, os desempregados chegam à mercearia do transmontano Manuel. Não sabe aonde é que tudo isto pode acabar mas tem a certeza de que se algum dia chegarem às caixas de fruta do senhor Zé estoura a violência. Como no dia em que caiu Tom Joad. Esperemos que, então, o capitalismo deixe de caminhar pelas estradas inexoráveis da farsa em que vivemos e a que chamam democracia. Está nas nossas mãos.

Por, Bruno Carvalho

domingo, 15 de janeiro de 2012

A NOVA GRAFIA

Quando eu escrevo a palavra acção, por magia ou
pirraça, o computador retira automaticamente o C na pretensão de me ensinar a nova grafia.

De forma que, aos poucos, sem precisar de ajuda, eu próprio vou tirando as consoantes que, ao que parece, estavam a mais na língua portuguesa.

Custa-me despedir-me daquelas letras que tanto fizeram por mim.

São muitos anos de convívio.

Lembro-me da forma discreta e silenciosa como todos estes CCC's e PPP's me acompanharam em tantos textos e livros desde a infância.

Na primária, por vezes gritavam ofendidos na caneta vermelha da professora: - não te esqueças de mim!

Com o tempo, fui-me habituando à sua existência muda, como quem diz, sei que não falas, mas ainda bem que estás aí.

E agora as palavras já nem parecem as mesmas.

O que é ser proativo?

Custa-me admitir que, de um dia para o outro, passei a trabalhar numa redação, que há espetadores nos espetáculos e alguns também nos frangos, que os atores atuam e que, ao segundo ato, eu ato os meus sapatos.

Depois há os intrusos, sobretudo o R, que tornou algumas palavras arrevesadas e arranhadas, como neorrealismo ou autorretrato.

Caíram hifenes e entraram RRR's que andavam errantes.

É uma união de facto, e para não errar tenho a obrigação de os acolher como se fossem família. Em 'há de' há um divórcio, não vale a pena criar uma linha entre eles, porque já não se entendem.

Em veem e leem, por uma questão de fraternidade, os EEE's passaram a ser gémeos, nenhum usa ( ^^^) chapéu.

E os meses perderam importância e dignidade; não havia motivo para terem privilégios. Assim, temos janeiro, fevereiro, março, são tão importantes como peixe, flor, avião.

Não sei se estou a ser suscetível, mas sem P, algumas palavras são uma autêntica deceção, mas por outro lado é ótimo que já não tenham.

As palavras transformam-nos.

Como um menino que muda de escola, sei que vou ter saudades, mas é tempo de crescer e encontrar novos amigos.

Sei que tudo vai correr bem, espero que a ausência do C não me faça perder a direção, nem me fracione, e nem quero tropeçar em algum objeto.

Porque, verdade seja dita, hoje em dia, não se pode ser atual nem atuante com um C a atrapalhar.

Só não percebo porque é que temos que ser NÓS a alterar a escrita, se a LÍNGUA É NOSSA ...? ! ? ! ?


****


Os ingleses não o fizeram, os franceses desde 1700 que não mexem na sua língua e porquê nós ?

Será que não pudemos, com a ajuda da troika, recuperar do deficit na nossa língua ?

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A realidade é o que a nossa memória quiser...

Um história coreana sobre a amnésia.
Um dia, depois de uma longa e penosa caminhada, um amnésico viu um ribeiro. Despiu a roupa para se atirar à água límpida e pendurou-a numa árvore.
Ao sair da água, inteiramente nu, viu a roupa e disse:
— Olha! Alguém se esqueceu da roupa e do chapéu, vou usá-los!
Enfiou a roupa, pôs o chapéu, calçou os sapatos e foi-se embora todo contente.

Jean-Claude Carrière, Tertúlia de Mentirosos, Teorema (adaptado)

A VOZ DA ÁGUA

Tão delicada
É a voz
Da água
E os seus cálices
Que não contêm nada

Eu direi
Que é a luz da luz
A nudez do silêncio
Ouves?
O centro é branco
O ar é ar

Ouves?
Ninguém canta
As veias da montanha são claras
O vaso na limpidez desaparece.

António Ramos Rosa

domingo, 1 de janeiro de 2012

Amigos, um excelente ano 2012!

Amigos,

Envio-vos sinceros votos de um excelente ano de 2012 e duas frases para reflexão de alguém que admiro profundamente, já que nunca arranjou desculpas para cruzar os braços, Mahatma Gandi.

Parecem-me as mais adequadas relativamente aos tempos que vivemos.

"A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita."

"A Terra tem o suficiente para satisfazer as necessidades de todos os homens, mas não sua ganância."

Um grande abraço!

Safira