quinta-feira, 14 de junho de 2012

Peço um poema à noite...

Peço um poema à noite, um documento

Que me defenda de ser acusado

De ladrão de mistérios e comparsa

Dos crimes que se dão durante o sono.

Meia dúzia de versos de amargura,

Que digam que fiquei na minha lura

No mais lúcido e mísero abandono.

 
Mas rompe a madrugada da semente,

Abre o dia,

E eu condenado como toda a gente!

Mostrei o atestado, e não servia...

 
Miguel Torga

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