sexta-feira, 15 de agosto de 2008

O silêncio permite-nos...

Pintura de Safira

O silêncio permite-nos ter uma vida interior, algo que não navega ao
sabor da pressa, da anarquia das sensações ou das notícias.
Olha! Talvez qualquer coisa como a que se sente ao olhar as cores do
entardecer ou miríades do arco – íris.
Algo longe, muito longe, do reboliço do superficial, do diz que diz,
do supérfluo, do tonto e do bacoco que inflaciona esta terra.
É pelo silêncio que se entra noutra dimensão.
Talvez por isso adore a noite e o seu silêncio.
Mais do que pelas palavras é pelo silêncio que se entra na casa do ser (Dasein
chamava-lhe Heidegger). E era importante que lá entrássemos, porque,
quanto a mim, só assim nos aproximaremos da nossa dimensão humana.
Todos devíamos ter um pouco de pastor, o clássico vizinho das grandes
paisagens bucólicas e das estrelas.
Mas tu, que tens intuição, diz-me: por que fugimos de nós próprios,
de estarmos a sós connosco mesmos?
Será que temos medo da solidão ou temos receio de pensar naquilo
que nos pode complicar a vida ao desnudar os nossos mais profundos sentimentos?
Vá lá, ajuda-me… Eu quero compreender…
Ah! Dizes-me que eu própria sou incompreensível… É?
Está bem. Talvez seja isso. Talvez…Não queres conversa comigo. Já
percebi. Fiquemo-nos então pelo que apregoei. Vale?
Escuta…Escuta o silêncio…Ouve bem! Vês que também fala… Até um dia!...
Bom! Talvez, te deixe em paz, não te aborreça mais.
Para decidir vou consultar o silêncio.
O silêncio que não pode ser silenciado. Ou pode?Não, não pode.
Faz parte da memória e é pela memória que evoco os meus tempos de estudante.
É pela evocação, em momentos de nostalgia, que a torno ausência presente.
Uma noite boémia. Uma tertúlia na Velha Escola de Artes,
sei lá, mesmo uma escaramuça, uma melancolia indescritível ao relembrar
o Velho Galinheiro (A sineta velha triiiiimmmm, meu amor chama por mim…),
chamando para as aulas.
Um encontro de amor mais aconchegado ali mesmo no banco de jardim ,
(Lágrimas que a gente chora…que elas vão e não voltem mais).
Um beijo mais ousado a saber a clandestino ,
com o amado que vejo de rugas, cabelos brancos...
Uma tarde sentada junto ao Tejo ou uma serenata às
tantas da Madrugada, tão tonta e tão doce...
Enfim! Uma serena nostalgia, uma doce saudade...

Sorriso terno,

Safira

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A um amigo...

Pintura de Safira

Se o simbolo da amizade é uma flor,

Se oferecer flores é ternura,

Aqui tens a ternura da amizade,

São para ti estas flores!

Safira