quarta-feira, 25 de maio de 2011

Infinito...

O subtil, o reflexo, o vago, o indefinido,
Tudo o que o nosso olhar só vê por
um momento
Tudo o que fica na Distância diluído,
Como num coração a voz do
sentimento.
Tudo o que vive no lugar onde termina
Um amor, uma luz, uma
canção, um grito,
A última onda duma fonte cristalina,
A última nebulosa
etérea do Infinito…
Esse país aonde tudo principia
A ser névoa, a ser
sombra ou vaga claridade,
Onde a noite se muda em clara luz do dia,
Onde o
amor começa a ser saudade;
O longínquo lugar aonde o que é real
Principia
a ser sonho, esperança, ilusão;
O lugar onde nasce a aurora do Ideal
E
aonde a luz começa a ser escuridão…
A última fronteira, o último
horizonte,
Onde a Essência aparece e a Forma terminou…
O sítio onde se
muda a natureza inteira
Nessa infinita Luz que a mim me deslumbrou!…
O
indefinido, a sombra, a nuvem, o apagado,
O limite da luz, o termo dum
amor,
Tornou o meu olhar saudoso e magoado,
Na minha vida foi minha
primeira dor…
Mas hoje, que o segredo oculto da Existência,
Num momento
de luz, o soube desvendar,
Depois que pude ver das cousas a essência
E a
sua eterna luz chegou ao meu olhar,
Meu infinito amor é a Alma
universal,
Essa nuvem primeira, essa sombra d’outrora…
O Bem que tenho
hoje é o meu amigo Mal,
A minha antiga noite é hoje a minha aurora!…

[Teixeira de Pascoaes]

1 comentário:

Abner Martins disse...

Está sumida do meu blog, hein!
saudações!

abnerbaptiste@yahoo.com.br